A secretária da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, Marília Marton, foi direto ao assunto quando questionada sobre fomento à classe artística durante sua gestão à frente da Pasta.
“Nós não somos assistência social. Aqui, nós somos desenvolvedores de humanos. Nós provocamos a transformação, pensamento e a crítica. É isso que nós fazemos. Nós cuidamos de outro pedacinho da alma. Nós não cuidamos do pedacinho da assistência social”, disparou.
“Quando o artista vem pedir para dar fomento, falo para ele não se esquecer que precisa de público. Ninguém toca pro vento. O dia que a gente estiver tocando pro vento, acabou, morreu”, completou.
Marília tem um orçamento generoso para investir em projetos culturais em 2023, mas já sinalizou que irá comandar a Cultura com a calculadora nas mãos. Seu posicionamento foi dado durante reunião no Cioeste (Consórcio Intermunicipal da Região Oeste da Grande São Paulo).
O orçamento da Cultura em 2022 foi de R$ 1,1 bilhão, além de mais de R$ 100 milhões para o ProAC ICMS, o programa estadual de incentivo fiscal.
Para se ter uma ideia, o orçamento da cultura do Estado de São Paulo foi semelhante ao destinado em 2022 pelo governo federal para todo o Brasil, cerca de R$ 1,67 bilhão.
A cultura tem grande peso na economia paulista, bem mais que na nacional. Para efeito de comparação, no Estado de São Paulo, a cultura equivale a 3,9% do PIB e gera 1,5 milhão de postos de trabalho. São Paulo concentra 47% do PIB criativo brasileiro, gerando R$ 78,35 bilhões por ano. Em nível federal, a cultura gera 4,9 milhões de postos de trabalho e corresponde a 2,64% do PIB do Brasil.
Mesmo com o cofre recheado, ninguém vai poder “tocar para o vento” se quiser contar com ajuda do Estado. Fomento Cultural são leis e ações públicas e governamentais que incentivam a produção de material cultural em diversos formatos.
Virada Cultural
Esse foi o segundo posicionamento duro de Marília Marton durante a reunião no Cioeste. A secretária também se colocou contra a realização da Virada Cultural.
O Cioeste pretende organizar uma Virada Cultural Regional com eventos próximos às estações de trem que cortam diversos municípios da região. Para isso pretendia pedir ajuda do governo do estado.