A célula chamada “setor CDHU” do PCC (Primeiro Comando da Capital) comprou 16 apartamentos para ajudar familiares de presos da facção criminosa. A reportagem é do colunista do UOL, Josmar Josino.
Conforme o colunista, o uso da sigla CDHU pela facção criminosa é uma menção direta à Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano de São Paulo. O órgão do governo paulista “elabora projetos, executa construções e promove medidas de apoio à realização de planos e programas estaduais e/ou municipais de habitação prioritários para o atendimento à população de baixa renda”.
Um relatório informativo do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do MP-SP (Ministério Público de São Paulo), de 3 de novembro de 2020, mostra que o PCC havia desembolsado R$ 149.418,49 com pagamentos de parcelas e manutenção de apartamentos.
Segundo o MP-SP, os imóveis adquiridos pelo “setor CDHU” eram colocados em nomes de “laranjas” e destinados aos familiares de integrantes da facção criminosa. Os moradores ficavam responsáveis apenas pelo pagamento das contas de consumo, a exemplo de água e de energia elétrica.
Promotores de Justiça do Gaeco apuraram que o PCC custeava o financiamento e o pagamento das parcelas dos apartamentos como forma de lavar o dinheiro proveniente de práticas criminosas, principalmente o tráfico de drogas. Além de pagar as parcelas, o PCC também bancava as despesas condominiais, quando o apartamento comprado estava desocupado. No caso de ocupação, os gastos com condomínio eram pagos pela família beneficiária.
O documento do Gaeco cita que os pagamentos de dez dos 16 apartamentos adquiridos pela organização criminosa eram imóveis da CDHU. As prestações de outros quatro imóveis foram pagas para a Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo). Outros dois apartamentos não foram adquiridos da Cohab nem da CDHU, mas de administradores de condomínios particulares.
A metade dos 16 apartamentos tinha como endereço cidades da Grande São Paulo: quatro em Carapicuíba; um em Mogi das Cruzes; um em Ferraz de Vasconcelos; um em Diadema e outro em Osasco. Seis ficavam em bairros da zona leste da capital: Itaim Paulista, Guaianases, Cidade Tiradentes, Conjunto Santa Etelvina, Vila Jacuí e Conjunto Promorar Rio Claro. Um apartamento foi comprado no Jardim Miriam, zona sul paulista, e outro em Jacareí, no Vale do Paraíba.
O Gaeco identificou um homem (ele já estava preso em uma penitenciária do Interior de São Paulo) e quatro mulheres, todos acusados de integrar a célula “setor CDHU”. Eles foram denunciados à Justiça, já se tornaram réus e respondem pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro. (fonte: UOL)