Em entrevista ao Diário da Região, Deltan Dallagnol, ex-procurador de Justiça, afirmou que “nunca quis ser um político”. A declaração foi dada em resposta a uma definição anterior feita por João Paulo Cunha (PT) que disse que Dallagnol “sempre foi um político travestido de procurador”. Deltan atuou com Sérgio Moro na operação Lava Jato, que os tornou conhecidos.
Deltan afirmou que “todos somos seres políticos, políticos no sentido de cidadãos. Sempre lutei pelo país, sempre fui um patriota e vou continuar sendo. E esse meu patriotismo, expressei ao longo da vida de diferentes modos. Em um determinado momento sendo procurador e, agora, oferecendo meu nome para contribuir para a mudança do Congresso Nacional e do sistema”. Dallagnol é pré-candidato a deputado federal pelo Paraná.
Já sobre a Lava Jata ele disse que o sistema de Justiça é ajustado para não funcionar contra pessoas poderosas e na Lava Jato isso parecia que iria mudar. “Parecia que a gente estava transformando o país. As pessoas acordavam com a expectativa de quem seria preso, o que iria acontecer. As pessoas viram sua esperança renascer. E a Lava Jato conseguiu resultados inéditos. Nós revelamos o monstro da corrupção brasileira. Nós recuperamos R$ 15 bilhões de reais para os cofres públicos e colocamos corruptos poderosos atrás das grades”, explicou.
“O que aconteceu foi que o sistema de Justiça passou a impedir que a gente alcançasse os resultados. O STF proibiu a prisão em 2ª instância, o Congresso Nacional passou a esvaziar leis que permitiam nosso trabalho, alterou as regras de delação premiada, derrubou a lei de improbidade administrativa. Isso tudo impediu que a gente alcançasse os resultados que vinha alcançando e que a gente continuasse a trabalhar contra a corrupção, como vinha trabalhando”, completou.
Diante deste cenário, Deltan disse que teria só dois caminhos, ou continuar no MP e manter sua zona de conforto, ou arriscar uma candidatura a deputado federal e percorrer um caminho no Congresso Nacional para mudar o sistema ali dentro.