Tramita na Câmara de Osasco um projeto de lei, de autoria do vereador Délbio Teruel, contra a inclusão no currículo escolar da rede municipal de ensino da linguagem neutra que seria, por exemplo, o uso de uma terceira letra, além do A e do O, no final das palavras como elu (ao invés de ele ou ela); todes (ao invés de todos); amigues (ao invés de amigos); meninx (ao invés de menino ou menina).
A meta seria criar palavras não-binárias para evitar a binaridade dos gêneros masculino e feminino. Esses e outros termos são cada vez mais comuns nas redes sociais, sobretudo entre membros da comunidade LGBTQIA+.
Em entrevista ao Diário da Região, Délbio disse não ser contra o emprego desses termos dentro de grupos específicos, mas nas escolas não há necessidade porque a língua portuguesa é muito clara em relação a isso. “Você falar isso num movimento específico, num movimento voltado pra esse público, até passa, não tem problema, agora você querer levar isso para a grade curricular?”, questiona.
“Dentro de escola é um absurdo. Depois que a pessoa escolheu o que quer ser, aí pode até falar o que quiser, mas lá no ensino, de forma alguma. Não vai levar isso para a criança que está aprendendo a ler e escrever porque isso vai confundir a cabeça das crianças, vai deixar todo mundo maluco”, completou.
Para o vereador o mais importante é respeitar as pessoas independente da posição, da opinião, da opção sexual. “A gente tem respeitar o ser humano”.
A linguagem neutra tem sido a polêmica atual dentre estudiosos da língua portuguesa.
Parte dos professores defendem que a variedade masculina dos pronomes e dos artigos, da língua portuguesa, já abrange a neutralidade. Por exemplo, na frase “amanhã eles vão à praia bem cedo”, o pronome “eles” pode referir-se tanto a duas pessoas do gênero masculino quanto a uma pessoa do gênero masculino e outra do feminino.
Já os defensores do uso da linguagem neutra acreditam essa forma de expressão contribui para acolher, respeitar e valorizar a diversidade, além de lutar contra a intolerância de gênero e o machismo.
Mas, alguns gramáticos alegam que as mudanças de grafia com “x” ou “@” dificultam a leitura e o acesso às pessoas com deficiência visual que usam programas para ler textos, pois os softwares não fazem a leitura de palavras escritas dessa forma.