O secretário de Assuntos Jurídicos de Cotia, Vitor Marques, teria fornecido informações privilegiadas para um grupo criminoso, com instruções de como regularizar a posse ilegal do Parque das Nascentes. As informações constam no processo do Ministério Público que investiga loteamento clandestino vinculado a uma facção criminosa.
Reportagem realizada pelo jornalista Neto Rossi e publicada pelo jornal Cotia e Cia aponta que Marques foi um dos alvos da Operação Nerthus, deflagrada na sexta-feira (24) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A ação visa desarticular uma organização criminosa que pratica crimes contra a lei de parcelamento do solo, contra o meio ambiente e de corrupção ativa e passiva no município de Cotia.
Segundo o Gaeco, foram apreendidos R$ 122 mil nas casas de Marques e do secretário de Meio Ambiente, Gustavo Clemente. O então secretário de Habitação, Sérgio Folha, que hoje está como vereador, também foi alvo de busca e apreensão.
Ainda de acordo com as investigações, Marques é apontado de ser um dos interlocutores com o grupo criminoso. Segundo o MP, os suspeitos se reuniam com o secretário, chamado por eles de “procurador”, para buscar informações privilegiadas para lotear a área de preservação ambiental.
Um dos suspeitos de integrar o grupo teria afirmado que lhe foi passada “toda a linha de trabalho” da Prefeitura e que acreditavam que, durante a pandemia, não iria ocorrer nenhuma ação efetiva de reintegração de posse.
As investigações indicam que a organização criminosa foi instruída por Marques a constituir uma associação, com a finalidade de explorar o terreno, sendo esse o caminho para “resolver as coisas”. Segundo o MP, o secretário de Cotia teria inclusive orientado o grupo a não constituir uma cooperativa, pois se houvesse lucro envolvido, dificultaria o trabalho.
Diante disso, o MP concluiu “que há fortes indícios de que Vitor Marques, na condição de secretário jurídico do município de Cotia, integra a organização criminosa, tendo se reunido com o advogado do grupo criminoso para tratar da regularização da área ilegalmente invadida do Parque das Nascentes”. (Fonte: Neto Rossi/Cotia e Cia)
Parque das Nascentes
O local apresenta grande relevância ambiental por abarcar 13 nascentes e respectivos cursos d´água. Trata-se de APP (Área de Preservação Permanente). Mesmo assim, a região tem sido alvo da organização criminosa investigada, que passou a implantar loteamentos clandestinos, com a utilização de mecanismos agressivos de desmonte ambiental, denominado correntão, técnica de desmatamento que possibilita a rápida retirada da vegetação nativa por meio da utilização de correntes presas a tratores.