A Diocese de Osasco, na Grande São Paulo, onde serve o padre José Eduardo de Oliveira e Silva, citado no relatório da Polícia Federal (PF) que indiciou ele e outras 36 pessoas por tramarem um golpe de Estado, afirmou que está “acompanhando atentamente a investigação” e que aguarda “o desfecho do processo”. As informações são do portal de notícias Uol.
O religioso é titular da Paróquia São Domingos, no bairro Jardim Ester. Ele segue normalmente suas atividades eclesiásticas, celebrando missas e outros eventos. Nas redes sociais, onde acumula mais de 430 mil seguidores – e o número aumenta cada vez mais -, mensagens de apoio surgem aos montes em suas postagens.
Em um vídeo publicado na tarde de terça-feira (26), o advogado do pároco, Miguel Vidigal, afirmou que ele iria “dormir tranquilo”.
Na legenda da publicação, o padre pediu que “apenas continuem rezando” por ele. “O relatório não traz nenhuma prova séria, concreta, de participação do padre em qualquer ato que visasse a quebra do Estado Democrático (de Direito)”, disse o Vidigal.
Apesar da fala do advogado, a PF identificou que o pároco participou de uma reunião em 19 de novembro de 2022 no Palácio do Planalto, quando foi discutida uma minuta golpista para impedir a posse do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No documento de mais de 800 páginas, cujo sigilo foi derrubado na terça, a corporação também resgatou de seu aparelho uma mensagem em que Oliveira pede orações aos militares golpistas.
No texto, o religioso pede “que todos os brasileiros, católicos e evangélicos, os incluam em suas orações, os nomes do Ministro da Defesa e de outros dezesseis Generais 4 estrelas ‘pedindo para que Deus lhes dê a coragem de salvar o Brasil, lhes ajude a vencer a covardia e os estimule a agir com consciência histórica e não apenas como funcionários público de farda’”.
Para a PF, a mensagem “demonstra que José Eduardo, logo após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais, já disseminava a ideia de um golpe de Estado apoiado pelas Forças Armadas, para manter o então presidente no poder e impedir a posse do governo eleito”.
Segundo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Oliveira seria integrante do núcleo jurídico do esquema e atuaria no “assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado”.