Autor: Antonio Tuccilio, presidente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP)
Com todas as atenções voltadas para a pandemia, determinadas iniciativas acabam passando despercebidas. Recentemente, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 186/19 foi aprovada. A famosa PEC Emergencial viabiliza a aprovação de um novo auxílio emergencial, o que passou a ser incluído depois, já que de início a ideia era o corte de despesas públicas.
Mas o que se manteve, de fato, foi o congelamento de salários dos servidores públicos. Imagine ter o seu salário estagnado e ainda enfrentar 15 anos sem nenhum aumento ou possibilidade de avançar em sua carreira profissional. Estamos falando de médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, policiais, professores…A lista é longa.
Vale ressaltar que esse congelamento dos salários não afetará apenas os servidores públicos atuais, como também aposentados e pensionistas.
Também foi retirada a proposta de vinculação com saúde, educação e segurança. A ideia era acabar com gastos obrigatórios nessas áreas.
Enquanto os parlamentares armam um verdadeiro desmonte do serviço público com a desculpa de que “isso é necessário para cobrir o custo do auxílio emergencial”, eles brincam com o dinheiro público, seja utilizando recursos para financiar emendas milionárias, esbanjando penduricalhos, como o famoso auxílio moradia e outros enfeites que chegam a somar R$ 200 mil.
A visão de muitos é que servidores públicos nadam em piscinas de dinheiro, que estão apenas nas repartições públicas, não produzem, não valem o salário. Não é e nunca foi assim. O que seria da pandemia não fossem os profissionais da saúde. O que seria da educação sem os professores. E a segurança sem os policiais?
Faço um apelo aos políticos para que pensem muito bem após a aprovação da proposta. Não é justo que toda a responsabilidade recaia sobre os servidores. Indiscutivelmente, o auxílio emergencial é necessário, mas o desmonte no serviço público pode representar um ônus muito maior ao país.