Francisco Emanuel Pereira dos Santos, conhecido como “Cangaceiro Trader” ou “Canga”, foi preso em um condomínio de alto padrão em Carapicuíba, na quinta-feira (14), após uma operação feita pelo Ministério Público do Ceará, em parceria com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de São Paulo.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra o suspeito. Durante as buscas, a polícia apreendeu equipamentos eletrônicos, blocos de anotações, um carro e relógios de luxo.
O cearense é suspeito de praticar lavagem de dinheiro, estelionato e crimes contra a economia popular.
Ele se apresenta como “trader de maior reconhecimento mundial” em suas redes sociais, que contam com mais de 300 mil seguidores — e por meio das quais oferece cursos e propostas de “alavancagem de contas”.
Trader é o nome atribuído ao investidor do mercado financeiro que busca ganhar dinheiro com operações de curto prazo, aproveitando-se da volatilidade do mercado.
Por meio de sua defesa, o influenciador afirma que sabe da gravidade das acusações e diz que colabora com as investigações para esclarecer o caso.
Durante as investigações, o Nuinc (Núcleo de Investigação Criminal) do MP-CE identificou vítimas do esquema em cinco estados brasileiros: Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Nos depoimentos, elas relatam o funcionamento do golpe. Uma das operações fraudulentas que mais chamaram a atenção da polícia era a “quebra da banca”.
Quando o investimento em determinadas ações da Bolsa fracassava, o trader se apropriava do dinheiro dos clientes e repassava parte da grana para uma corretora parceira.
A Justiça autorizou a quebra do sigilo bancário do suspeito, e a polícia identificou movimentações milionárias em suas contas — característica presente em crimes de lavagem de dinheiro.
O Nuinc pediu o embargo de R$ 6 milhões das contas do investigado como medida cautelar para salvaguardar o patrimônio das pessoas que foram prejudicadas pelos golpes. O Ministério Público calcula que as fraudes aplicadas contra os clientes ultrapassem os R$ 10 milhões.
O nome da Operação Terra Prometida faz alusão à empresa de Emanuel Santos, a Zion Investimentos, que vem do hebraico. No caso investigado, Canga, na condição de coach, prometia uma série de vantagens às vítimas, mas nunca as cumpria.