Funcionava em Osasco a central de desmanche utilizada por uma quadrilha especializada em roubo de caminhões e cargas. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (24) após operação realizada pela Polícia Federal (PF) de Campinas (SP) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público (MP).
A operação aconteceu em quatro estados. A quadrilha também era especializada em receptação e lavagem de dinheiro.
Segundo a investigação, o grupo tinha “padrão luxuoso de vida”. Uma Ferrari e R$534,8 mil foram apreendidos em Jandira.
Na região, para Osasco foram expedidos seis mandados entre prisão e busca e apreensão; e dois em Jandira, ambos de busca e prisão.
A PF constatou que a quadrilha atuava em vários estados do Brasil e os chefes ostentavam, com os valores roubados, um padrão de estilo de vida elevado com compras de veículos de montadoras como Ferrari, Lamborghini, além lanchas, jet ski, imóveis de alto padrão e presença em camarotes VIP de eventos.
Ainda de acordo com a Polícia Federal, o grupo participou de pelo menos 49 roubos violentos de cargas entre 2021 e 2024. Somente na cidade de Osasco foram nove assaltos.
O material apreendido foi encaminhado à Delegacia da Polícia Federal. Além da Ferrari e dos R$ 534,8 mil, também foram encontradas armas, joias, mais dinheiro em espécie, entre real, euro e dólar, e outros veículos. Em Vilhena (RO), a corporação apreendeu carcaças de caminhões roubados.
Pelo menos 110 policiais federais e 100 policiais militares estavam envolvidos na força-tarefa.
Como funcionava?
A organização criminosa usava empresas de peças e manutenção para se dedicar à receptação e venda de caminhões, equipamentos e motores roubados. A quadrilha encomendava roubos específicos com o modelo de carreta que desejavam – o foco era marcas suecas.
A investigação identificou três núcleos: roubo, desmanche e receptação. Parte dos criminosos que atuava nos roubos já havia sido presa em outras operações voltadas a este tipo de crime.
O nome da operação, “Hammare” (martelo, em sueco), faz uma referência ao principal instrumento do grupo para acesso aos veículos e também à preferência pelas marcas. Segundo a PF, eles quebravam os vidros enquanto os motoristas descansavam.
O delegado chefe da Polícia Federal em Campinas, Edson Geraldo de Souza, afirmou que, após o roubo e os desmanches de peças, a quadrilha adulterava os números de chassi e peças dos caminhões para que os produtos pudessem ser vendidos no mercado legal.
A base dos roubos era o estado de São Paulo, especialmente as regiões de Campinas e Sorocaba. Já o centro dos desmanches ficava em Osasco e, depois, as peças eram enviadas para venda em outros estados do Brasil.
“Normalmente, na prática de roubo de carga e caminhões, o grupo criminoso utiliza bloqueadores de sinal. As empresas de caminhões, ao saber disso, passaram a utilizar uma nova tecnologia que inibe esses bloqueadores de sinal. No entanto, os criminosos já procuravam caminhões que não utilizavam dessa tecnologia”, afirmou. (com g1.com.br)