O Tribunal do Júri em Carapicuíba condenou, na última terça-feira (19), um homem que matou a sogra e tentou matar a ex-namorada, o sogro e o cunhado. Denúncia oferecida pelo MPSP permitiu a fixação de pena em mais de 70 anos de prisão.
O caso aconteceu em março de 2023. O réu tentou matar a ex-namorada a facadas após desentendimento envolvendo a pensão alimentícia da filha de ambos, então com 11 meses. Na ocasião, a sogra do homem foi morta ao tentar defender a filha. O sogro e o cunhado também foram atingidos, mas sobreviveram.
Na visão dos jurados, o réu foi culpado por todos os crimes, com causas de aumento de pena devido ao motivo torpe, à falta de chance de defesa das vítimas, ao uso de meio cruel e ao feminicídio praticado na presença de descendente. A bebê de 11 meses estava no colo da mãe no momento do crime e presenciou tudo. A vítima falecida deixou seis filhos, sendo dois com deficiência. O réu foi preso em flagrante e não poderá recorrer em liberdade.
Ao fixar a pena acima do mínimo legal, a juíza destacou que “o crime causou traumas e marcas indeléveis à toda família da vítima. Foram agredidos e tiveram que lutar pelas suas vidas. De forma repentina, perderam sua matriarca, com apenas 41 anos de idade, que inclusive auxiliava no sustento doméstico e era a responsável exclusiva pelo cuidado com os filhos especiais: uma criança autista e uma criança com hidrocefalia e cadeirante, que depende de auxílio até para realizar suas necessidades fisiológicas. Crianças ficaram órfãos e completamente desamparadas. A última imagem que os filhos tiveram da mãe foi chocante: caída ao solo se esvaindo em sangue.”
Ainda ponderou que o réu “demonstrou nível de agressividade fora do normal e sequer a presença de uma bebê de colo (sua filha) foi capaz de frear seu impulso criminoso.”
A denúncia foi oferecida pelo promotor Rafael Ribeiro do Val, enquanto a promotora Sandra Reimberg atuou no Plenário do Júri.