Mulheres passaram a relatar na redes sociais terem sido dopadas por motoristas de aplicativo (App) durante as corridas. O ataque já aconteceu em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Veja abaixo os relatos e como se proteger deles.
A fotógrafa Bruna Custódio, de 32 anos, relatou nas redes sociais, nesta última quarta-feira (11), que foi dopada por um motorista de aplicativo com um produto químico lançado no ar dentro do carro, durante uma corrida que aconteceu na terça-feira (10) à noite.
Em nota, a 99 afirmou que bloqueou o motorista e mobilizou uma equipe para dar suporte à passageira (leia mais abaixo).
Bruna relatou que saía do trabalho por volta das 20h30 na Vila Mariana, na Zona Sul da capital paulista, quando pediu o carro da 99 para ir ao encontro de amigas em Pinheiros, na Zona Oeste da cidade.
“Ele andou mais ou menos 2 km, quando chegou perto da Rua Domingo de Morais. Quando parou no farol, ele olhou para trás e fechou o vidro dele. Eu comecei a sentir o cheiro forte, cada vez mais forte. Mas tudo aconteceu muito rápido. Aí eu comecei a ficar tonta”, contou Bruna.
Segundo a fotógrafa, o motorista não fechou o vidro dela e ela chegou a colocar a cabeça para fora da janela do carro, mas não adiantava, foi ficando cada vez mais desnorteada. “Coloquei a cabeça pra fora pra sentir o ar e pra ver se não estava vindo de fora o cheiro, porque tinha um caminhão [perto]. Mas eu voltei a cabeça pra dentro e o cheiro vinha claramente de dentro. Aí o farol abriu, ele andou, e eu comecei a ficar mais zonza e com a visão turva. Parecia que o carro estava cheio de pó branco, mas era minha visão”, contou a mulher.
Ainda segundo relato de Bruna, ela disse que pediu ao motorista que parasse o carro imediatamente, e entrou em contato com sua namorada, por meio de mensagem. Além de ter tirado uma foto do veículo.
“Eu saí e fiquei com medo de fazer alguma coisa porque estava ficando mais tonta. Se eu demorasse mais um pouco acho que não conseguiria nem mandar mensagem”, relatou a vítima.
Segundo a fotógrafa, ela agiu rápido pois a mesma situação já havia acontecido com uma amiga havia cerca de dez dias.
Além de São Paulo, nas redes sociais há relatos semelhantes de mulheres vítimas em outros estados.
Evelyn Moraes, de 22 anos, contou que foi dopada por um motorista durante uma viagem em um carro de aplicativo em Porto Alegre (RS), no início de março.
De acordo com a mulher, o motorista do App lhe contou uma história, de que ele produzia aromatizantes para carro e perguntou se ela gostaria de sentir o aroma.
A jovem se recusou a aspirar o produto, e então, o motorista teria fechado as janelas do carro e ligado o ar-condicionado. Ela então começou a se sentir tonta e decidiu se atirar do carro em movimento. Ela teve lesões no quadril e na perna.
“Ele ligou o ar-condicionado. Quando chegou perto da minha casa, eu comecei a ficar tonta. O ar dele, no canto do motorista, estava fechado, só estava aberto o que vinha diretamente no meu rosto. Senti um cheiro estranho, de enxofre, e comecei a ficar tonta. Quando vi que ia desmaiar, me atirei do carro em movimento”, disse em entrevista ao g1.
Veja como se proteger
De acordo com a farmacêutica toxicologista Paula Carpes, ouvida pelo portal G1, “as vias respiratórias transportam substâncias químicas de maneira muito rápida para a corrente sanguínea. A inalação de solventes como éter, clorofórmio ou metanol poderia provocar entorpecimento e desmaio em poucos segundos, dependendo da concentração do produto”.
Porém, segundo a farmacêutica, o uso de uma máscara do tipo PFF2 ou N95 bem ajustada ao rosto é capaz de proteger da exposição aos solventes.
Máscaras PFF2 ou N95 já tinham seu uso normalizado entre profissionais que trabalham manipulando substâncias químicas voláteis, mas utilizá-las ficou amplamente popular com a pandemia de Covid-19, pois elas também protegem da contaminação pelo coronavírus.
“Estando sem máscara, dificilmente o motorista também não sofreria o efeito de entorpecimento em ambiente fechado. Mas, estando principalmente com uma N95 ou PFF2, já seria suficiente. Elas são usadas na indústria para trabalhadores com solvente”, afirma. (catracalivre.com.br)