Quando a pandemia da Covid-19 começou a mostrar a sua gravidade, as prefeituras tiveram que correr contra o tempo para garantir leitos para todos os pacientes diagnosticados com a doença que precisassem de internação. Em algumas cidades a rede municipal da Saúde poderia não suprir a demanda. A opção era montar hospital de campanha.
Segundo o prefeito de Itapevi, Igor Soares (Podemos), o município não precisou recorrer a esse recurso. “Itapevi não fez hospital de campanha e, graças a Deus, nos livramos de uma máfia que, infelizmente, vimos operar em todo o Brasil. Infelizmente, os prefeitos ficaram reféns e, naquele momento, tinham que salvar vidas, não tinham para onde correr e precisaram montar hospital de campanha. Só para terem uma ideia, por dia, o leito de UTI custava cerca de R$ 3 mil a R$ 4 mil. Na iniciativa privada, um leito de UTI, que eu tive que comprar, ficou em torno de R$ 2 mil”, explicou.
Já o valor de locação da estrutura da tenda, por mês, alcançou o valor de R$ 10 milhões. “Infelizmente existe um mercado que se aproveitou desse momento. Não estou dizendo que os prefeitos agiram de forma ilícita. Os que montaram o hospital de campanha foram vítimas. Tiveram tendas instaladas pelo aluguel de R$ 10 milhões por mês, valor que não gastei na primeira onda toda. Em Itapevi compramos leitos de um hospital particular que tinha acabado de ser construído e, graças a Deus, não fomos vítimas desse mercado predador que nem em um momento de pandemia deixa de operar dessa forma”, completou.
Além de terem que enfrentar o “mercado predador” para garantir leitos, os prefeitos também tiveram que encarar os preços altos na compra de aparelhos respiradores. “Uma das piores coisas que já vi na vida foram os oportunistas. Eles ofereciam os testes [para detectar Covid] em uma verdadeira fortuna e a gente ficava enlouquecido para comprar porque era necessidade. O respirador mecânico… ainda bem que a gente tinha porque uma unidade top de linha, que geralmente custava R$ 35 mil, passou a custar até R$ 230 mil. E tinha prefeito comprando porque não tinha saída. Ou compra ou o cidadão morre”, comparou Rubens Furlan, prefeito de Barueri.