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Rússia ameaça bloquear YouTube como retaliação por exclusão de canais

Divulgação

Da redação     -
01 de outubro de 2021

A Rússia ameaçou, na quarta-feira (29), bloquear o YouTube em todo o país caso dois canais estatais em alemão, excluídos por violarem as diretrizes de desinformação sobre a Covid-19, não fossem restaurados. Um dos canais é a versão alemã da emissora russa RT, e o outro é o DFP (Der Fehlende Part), ligado à RT. As informações são da rede BBC.

A ameaça do governo vem acompanhada de uma acusação de censura feita contra a plataforma de vídeos pelo Roskomnadzor, órgão russo regulador de internet e dos meios de comunicação. Moscou se diz vítima de um movimento apoiado pelos EUA para “silenciar” sua voz no exterior.

Segundo as autoridade russas, o canal da RT já havia sido notificado pelo YouTube por divulgar informações falsas relacionadas à pandemia e a outras vacinas, alegando, por exemplo, que elas causariam autismo. Inclusive, foi imposta a penalidade de suspensão de uma postagem por uma semana.

Nesse período de suspensão, a RT driblou o veto usando o DFP para publicar o mesmo conteúdo falso. Como resultado, ambos os canais foram excluídos pela plataforma.

As novas regras do YouTube são baseadas em diretrizes que determinam que qualquer vídeo que contenha desinformação sobre qualquer vacina aprovada por autoridades de saúde será removido. “O YouTube sempre teve diretrizes claras da comunidade que descrevem o que é permitido na plataforma”, disse um porta-voz.

Além do popular site de vídeos do Google, o Kremlin ameaçou retaliações contra veículos de mídia alemães com atuação dentro da Rússia. O Ministério das Relações Exteriores alega que a a medida “não apenas parece apropriada, mas se mostra necessária”.

Própria internet
Paralelo a isso, o Kremlin vem pressionando as gigantes da tecnologia e incentivando o desenvolvimento de uma alternativa russa ao YouTube. As autoridades estão colocando suas esperanças no RuTube, um projeto financiado pelo grupo de mídia Gazprom, controlado por amigos do presidente Vladimir Putin.

De acordo com artigo do jornal The Washington Post, Putin deseja que seus súditos usem serviços e aplicativos locais, a fim de que se comuniquem por mídias sociais russas, assistam a vídeos em plataformas russas e pesquisem informações usando serviços russos. Dessa forma, ele espera, eles dependerão da versão da realidade que as autoridades russas desejam promover.

Mortes por Covid aumentam na Rússia
Na terça (28), a Rússia relatou aumento no número de óbitos por Covid-19 em um único dia. Segundo o centro de resposta ao coronavírus do país, foram 852 mortes relacionadas à doença registradas, informou a rede CNN. O recorde anterior havia sido registrado em 24 de setembro, com 828 mortes.

De acordo com dados da Universidade Johns Hopkins, o país é um dos mais afetados pela pandemia no mundo, ocupando o sétimo lugar no ranking de maior número de casos. Os russos enfrentam uma terceira onda de infecções tida como devastadora.

Lista de agentes estrangeiros atualizada
Ainda no campo da repressão estatal, o jornal independente russo The Moscow Times informou que as autoridades locais declararam o site de notícias independente Mediazona e a ONG OVD-Info como “agentes estrangeiros”, o que serve para rotular organizações envolvidas em atividades políticas supostamente financiadas pelo exterior. O editor-chefe do Mediazona, Sergei Smirnov, e seu cofundador Pyotr Verzilo ingressaram na lista de de “agentes estrangeiros”

O Mediazona, fundado em 2014 por membros do grupo ativista Pussy Riot, é especializado no monitoramento de processos judiciais relacionados à oposição e também tem foco na cobertura de casos de brutalidade policial. Já a ONG OVD-Info cobre direitos humanos e perseguição política na Rússia. (areferencia.com)