Se a vinda da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), hoje na Vila Leopoldina, na Capital, para uma área em Carapicuíba ou Santana de Parnaíba estava, em novembro, empacada, na última terça-feira, 15, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, definiu a situação e afirmou: “Aqui, quando se fala de privatização, quero deixar bem claro. Enquanto eu for presidente da República, essa é casa de vocês”. A declaração foi dada durante uma visita a empresa para a reinauguração da Torre do Relógio, um monumento reformado por comerciantes e que foi pintado de verde e amarelo.
Em outubro do ano passado, os governos do estado e federal fecharam parceria e lançaram dois novos editais para recebimento de propostas de empresas, da iniciativa privada, para construir a estrutura física e gerir o novo entreposto. Havia, inclusive, a possibilidade de construção de mais uma unidade, dividindo os serviços.
Na época, o governador João Doria justificou: “Não é função do estado cuidar de ações e atividades, como o abastecimento e distribuição de alimentos, que podem ser melhor desenvolvidas pela iniciativa privada. Com o decreto que assinei hoje, será possível a implantação de mais de um entreposto Ceagesp como o que hoje temos na Vila Leopoldina. A diferença é que esses novos entrepostos serão construídos em locais mais adequados e com acesso direto por rodovias. Dessa forma também vamos conseguir reduzir a circulação de veículos pesados nas marginais [Tietê e Pinheiros], o que compromete o trânsito na região e nas vias de acesso”. Desde então, não houve mais informações sobre essa mudança. Com acesso direto à rodovia Castelo Branco duas cidades estavam com áreas contadas para receber o entreposto, que é o principal da América Latina e o 4º maior do mundo: uma estava na região da Lagoa de Carapicuíba e outra em Santana de Parnaíba.
Em novembro deste ano, em contato com o governo estadual a Secretaria de Abastecimento e Agricultura informou que a atual situação de transferência do entreposto deveria ser verificada com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. “A Ceagesp e seus ativos estão sob encargo da Secretaria de Desestatização do Ministério da Economia e foi incluída no Plano Nacional de Desestatização, conduzido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. O destino final da área deve ser consultado, portanto, pelo BNDES”.
Na época, o Diário entrou em contato com o BNDES e a assessoria de imprensa informou que “desconhecemos essa proposta de mudança” e recomendou buscar essas informações com o Ministério da Economia que, em nota, por meio da Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimentos e Mercados afirmou: “O processo de desestatização do Ceagesp ainda encontra-se em estudos pelo BNDES. Os resultados da modelagem serão divulgados oportunamente”.
A companhia é responsável pela maior central de abastecimento de frutas, legumes, verduras, flores, pescados, entre outros produtos, da América Latina. O volume comercializado, por ano, chega a 3,21 milhões de toneladas, com valor financeiro de R$ 8,84 bilhões. Na central, o fluxo médio de pessoas é de 50 mil por dia. A Ceagesp conta com 590 empregados públicos e a operação do entreposto envolve 25 mil empregos diretos, além de mais de 2 mil permissionários atacadistas, 247 varejistas e 376 ambulantes. (com agência Brasil)