Em 22 de agosto de 1988, Claudia Celeste fez a primeira participação trans em uma novela – Foto: Google
SHOW CANCELADO POR CAUSA DA TRANSEXUALIDADE
Em 1976, Celeste decidiu concorrer no concurso Miss Brasil Pop e venceu o concurso. Um ano depois, o diretor Daniel Filho assistiu à revista “Transetê no Fuetê” e resolveu incorporar um número do espetáculo na novela “Espelho Mágico”, da TV Globo, sem saber que Cláudia era travesti.
A atriz contracenou com a mocinha Sonia Braga. Sua participação na novela, no entanto, foi cancelada depois que a imprensa celebrou a primeira travesti na TV. Vale lembrar que anos depois, em “A Dona do Pedaço”, a participação de atriz trans Glamour Garcia foi celebradíssima, com louvor.
O nome artístico, dado pelo lendário Carlos Imperial, figurou entre concursos de beleza que ela organizava e participava. Claudia também foi cantora, dançarina, diretora, produtora e autora, abrindo as portas para futuras gerações de talentos transgêneros e LGBTQ+ no Brasil.
ESCÂNDALIZANDO A MÍDIA
Mesmo com um papel importante, a personagem e, consequentemente, Cláudia Celeste era alvo de constantes manchetes maliciosas, como ela mesma contou à revista Geni: “A gente não cozinha, não lava, não passa, não vive vida nenhuma, não tem inteligência nenhuma, não estuda… Não é professora, não é médica, não é nada – é sexo. E, depois dos anos 80, o travesti ficou ligado à prostituição”, lamentou a artista na época.
Na edição do Gazeta de Notícias de 8 de agosto de 1977, uma manchete estampava a revelação que marcou a época: “Cláudia (ou melhor, Cláudio), o travesti que enganou todo mundo”, dizia o título da reportagem.
Além de relatar a trajetória da jovem, a matéria revelava o nome de batismo, Claudinor Alves, explicando que, desde os 15 anos, realizava aplicações de hormônios femininos.
“Ninguém sabia nem deveria saber, porque existe uma proibição da Censura Federal não admitindo a aparição de atrizes, tais como Divina Valéria e Rogéria”, dizia a reportagem.
Com o fim do governo militar, Cláudia Celeste não apenas conseguiu participar de “Olho No Olho” do início ao fim, como foi a primeira transexual a completar uma novela no país. Fora da televisão, teve a oportunidade de estrelar peças e filmes, viajando para a Europa em casas de espetáculos. No Brasil, casou-se com o bailarino Paulo Wagner, com quem contracenou em diversos espetáculos. (ofuxico.com.br)